sábado, 3 de setembro de 2011

Filmes maneiros baseados em livros





Ninguém mais lê livros nos dias de hoje. Afinal, qual é a moral? Um romance nunca poderia ser tão foda quanto, digamos, assistir Sylvester Stallone arrancar a cabeça de um cara com socos. Ou será que poderia?

Acreditem ou não, muitos filmes bons foram adaptados de livros bons. Não, eu não estou me referindo somente à Senhor dos Anéis. Estou me referindo à...


Rambo





First Blood (ou Rambo, no Brasil) é uma reflexão sobre as dificuldades que os veteranos da Guerra do Vietnã passaram ao voltar para seu país nativo, onde o protagonista derruba um helicóptero com a porra de uma pedra.





Sim, é real. Existiram livros do Rambo. Sério. Não, eles não eram compostos somente de onomatopéias que serviam para representar o som de explosões.

First Blood foi escrito por David Morrell, que escreveu vários livros que continham imagens de facas na capa.




No livro, Rambo não é o "cara legal", já que ele enlouquece e mata uma cidade inteira porque a Guerra do Vietnã o deixou insano. E, o final do livro é deprimente, com Rambo parando sua matança desenfreada somente pra levar um tiro na cara.

Sim, Rambo morre no final. Hollywood decidiu alterar isso, assim criando um caminho que lhes permitiria fazer mais três sequências. E o mais estranho, Morrell escreveu uma continuação do livro para coincidir com o filme, que, de alguma maneira, mostra Rambo vivo, sem nenhum capítulo de abertura onde um necromancer invoca ele de Valhalla.

Para a versão literária de Rambo: First Blood Part II, o autor teve que dividir seus direitos autorais com James Cameron e Sly Stallone (que ajudou a criar o enredo da sequência), o que é uma coisa meio ruim, ou não, dependendo do quanto ele foi pago.


O Enigma do Outro Mundo





Sim, O Enigma do Outro Mundo (The Thing, no original). Aquele em que o torso do cara cria dentes e arranca o braça de outro cara...




Na verdade, ele era uma novela ( isso é quando um escritor não tem vontade de escrever um romance e escreve só parte de um) chamado Who Goes There? e foi escrito em 1938 por John W. Campbell. A coisa inteira pode ser encontrada online, mas eu já faço demais por vocês, então, quem quiser que vá procurar. E sim, também tem a cena onde eles estão cutucando o sangue e ele adquire vida, sai do potinho e nós cagamos nas calças.

Ela é considerada uma das melhores novelas de ficção científica já escritas, e você pode agradecer ao autor por todos aqueles elementos de paranóia e tensão que tornaram o filme ótimo. Por outro lado, o filme tem aquela cena onde a cabeça de um cara se transforma em uma aranha nojenta rastejante e ela faz muita diferença no quesito "assustar até a alma sair pela boca e fugir pro Himalaia". E também, Kurt Russell.





Vou admitir, essa porcaria de camelô me assustava. Na minha opinião, o Uma Verdade Inconveniente do Al Gore seria muito mais efetivo se ele passasse esse filme e dissesse: "Tá vendo isso? Ele vive no Ártico. Se você continuar dirigindo sua caminhonete, essa coisa vai acordar. E, ela vai estar muito puta." Mas é claro, os caras do Comitê do Prêmio Nobel não cairiam nessa.


Uma Cilada para Roger Rabbit





Uma cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit) é a história de um coelho de desenho animado que foi equivocadamente culpado de um homicídio brutal.

Bem, se você for em uma livraria e perguntar sobre Roger Rabbit, provavelmente receberá um romance muito sinistro. Essa coisa é totalmente bizarra. Sério, quando se compra um livro sobre um coelho de desenho animado, você espera algo mais alegre e menos "Oh, meu Deus! NÃÃÃÃÃÃÃOOO!"




O livro se chama "Quem censurou Roger Rabbit" (Who Censored Roger Rabbit?) e foi escrito por Gary Wolf (se esse é o nome verdadeiro dele ou só um pseudônimo, não tenho certeza). Ah, esqueci de mencionar que Roger Rabbit é fuzilado até a morte?

É sério. Isso realmente acontece. Aparentemente, ele nunca aprendeu o truque "caça ao pato, caça ao coelho" com o Pernalonga e o Patolino. Quando foi a última vez que você viu algo assim acontecer em um filme da Disney? Além da mãe do Bambi. Ou, a mãe de Procurando Nemo. Ou, Mufasa... OK, acho que a Disney também é bem problemática.


Psicose







Essa história de suspensa reconta os crimes de um transformista recluso que gosta de atormentar pessoas inocentes, e que pode ou não ter sido baseada na vida de J. Edgar Hoover.

Lembram de como Hitchcock é chamado de gênio, pela enorme reviravolta na história, em que (AVISO: spoiler de 47 anos de idade à frente) o protagonista é assassinado logo no início do filme? É, ele não foi o primeiro a ter essa idéia. Ela estava no romance de mesmo nome escrito por Robert Bloch. Então, por que as pessoas lembram do filme e não do livro?

Bem, por isso.

Em 1960, essa cena deixou uma nação inteira com medo de tomar banho, o que, sem dúvida, acabou criando os hippies. Não importa quantas vezes você escreva as palavras "facada, facada, facada, facada" em uma página, isso nunca terá o mesmo efeito do que a cena se desenrolando à sua frente. Não, mesmo que você pague uma orquestra pra te seguir por aí e fazer o som agudo dos violinos.

Bloch escreveu uma continuação, chamada Psicose II (é raro ver escritores meterem só um "II" no final do nome das sequências, não?) que o estúdio odiou e se recusou a adaptar para filme.





Eles decidiram seguir a tradição e fizeram uma série de continuações ridículas que não tinham nada a ver com o livro. E, o estúdio não chamou Bloch para nenhuma das filmagens, em um grande exemplo da babaquice Hollywoodiana.


Dr. Fantástico





Dr. Fantástico (Dr. Strangelove) é a obra-prima de humor negro de Stanley Kubrick, que usa de muitas sátiras para afirmar convictamente que a destruição da Terra é, de fato, algo ruim.

Strangelove é vagamente baseado em um romance de 1958 chamado Red Alert, por Peter George. O que difere do filme é que o romance, de maneira alguma, é uma comédia.

Sim, a inspiração para um dos filmes mais engraçados de todos os tempos lhe garante tantas risadas quanto um filme dos irmãos Wayan. Dá pra imaginar um Dr. Fantástico seco, triste e sem piadas? Isso seria como... Bem, na verdade, seria como metade de Dr. Fantástico. Mas a outra metade é, tipo, muito engraçada.





O livro não termina com a destruição do mundo, já que o bombardeiro desertor é derrubado antes que possa lançar as ogivas nos russos. Tenho que admitir que o final do filme é superior, porque senão a mensagem toda acaba se tornando, "Uma ameaça nuclear é algo perigoso, mas tudo vai ficar bem no final".



Planeta dos Macacos





Essa parábola clássica possui uma moral que serve para toda a humanidade: Se você encarregar um macaco de tomar conta da sociedade, não se surpreenda quando tudo explodir. Enquanto isso, Charles Heston finge que atua, soca aliens e transa com mulheres atraentes de maneiras que fariam Capitão Kirk orgulhoso.

O livro foi escrito pelo francês Pierre Boulle, que também escreveu A Ponte do Rio Kwai que acabou virando um clássico filme de guerra e uma prova das Olimpíadas do Faustão. O título (originalmente em francês) se traduzia como Planeta Macaco.

Se você procurar, acabará descobrindo que eles vendem o livro e o DVD como um conjunto... Que, por sinal, é vendido com uma capa que já mostra o final:






Provavelmente, a vida do autor foi mais interessante que qualquer um de seus livros. Boulle se uniu ao exército na Indonésia francesa durante a Segunda Guerra Mundial e acabou se tornando um agente especial que ferrava os nazistas onde quer que eles estivessem. Ele foi capturado por Nazis e, de alguma maneira, isso o inspirou a escrever. Talvez a prisão fosse guardada por macacos armados, não tenho certeza.

De qualquer maneira, ele merece crédito por ter criado antagonistas que foram levados a sério, mesmo que eles sejam macacos vestindo roupas de pessoas. A Ciência já provou que isso é algo adorável.



Desejo de Matar






Charles Bronson luta uma guerra solitária contra o crime, se escondendo em becos escuros, esperando ser assaltado, e então, atirando nos assaltantes. Imagino a razão de o Batman nunca ter tentado isso. Ele teria poupado muito tempo.

E não, o filme não foi baseado em um quadrinho do Justiceiro. Realmente existe um romance de Desejo de Matar. O livro possui a mesma premissa, com justificativas hilariamente deturpadas para vigilantismo e desenhos do protagonista, matando a escória. Porém, para ser honesto, o romance só inspirou o primeiro filme que tratava dos problemas das vítimas e da vingança, e não as numerosas sequências em que Charles Bronson pegava uma metralhadora e matava qualquer vagabundo num raio de 10 quilômetros.






O autor (Brian Garfield) era candidato ao Prêmio Pulitzer (não por Desejo de Matar, apesar de que isso seria muito foda). O livro que ele escreveu antes de Death Wish se chamava "What of Terry Conniston?", o que, estou achando, ensinou ele a não dar nomes idiotas a seus livros. Ele provou isso escrevendo Death Sentence, Tripwire e Death Blood.

Death Sentence, por sinal, se tornou um filme, também sobre um cara de meia-idade que promove uma matança em busca de vingança por um crime terrível. E como é o filme? Só digo uma coisa: trocaram Charles Bronson por Kevin Bacon. Sem mais, Meritíssimo.



Duro de Matar






É Duro de Matar. Tenho que recapitular pra vocês?

...

É, achei que não.


Isso mesmo, Duro de Matar, o filme mais difícil de se transformar em livro de todos os tempos, é levemente baseado no romance Nothing Lasts Forever, por Roderick Thorp. Esse livro é um sequência de outro livro criativamente chamado The Detective, que foi adaptado para filme em 1968. Neste filme, o papel de John McClane é representado por... Se preparem...





Frank Sinatra.

Vai lá. Olhe pra Duro de Matar da mesma maneira novamente.

Enfim, enquanto nenhum livro na história consegue ser melhor do que Duro de Matar, ele tem, sim, a mesma premissa (apesar dos nomes dos personagens terem sido alterados, não sei porquê). Um outro livro que o cara escreveu, Rainbow Drive, virou filme em 1990 e estrelava Peter Weller... O cara que fez RoboCop. Esse filme não é tão conhecido, provavelmente porque o o título faz com que pareça um filme sobre um resort gay.






Gosto de pensar que, em algum universo alternativo, esta conexão levou o Sr. Thorp, Bruce Willis e Peter Weller a uma mesa de bar. Os três sairíam deste encontro em nosso 1991 alternativo com um acordo de fazer Duro de Matar vs RoboCop. Neste universo alternativo, o Oscar de 1993 teve de ser cancelado, pois um filme ganhou todos os prêmios.






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