sexta-feira, 29 de julho de 2011

Velozes e Furiosos



JP era um grande amigo, mas vivia me convencendo a fazer merda. Eu nunca soube andar de skate e desde pequeno sempre tive um pavor daquele atestado de óbito sobre rodas, pois vi meu irmão se quebrar muito (hoje ele se quebra fazendo kung-fu...), e , mesmo assim, JP uma vez me convenceu a subir em um e me agarrar na traseira de uma caminhonete, o que resultou em um tombo lindo e uma cabeçada na placa de "pare". Outra vez, ele me convenceu a descer do 8º para o 7º andar do prédio... pela sacada. Como o 8º era a cobertura, a sacada dele era uns 45 centímetros mais recuada do que a dos outros andares, mas, ainda assim, É A PORRA DO OITAVO ANDAR! Mas, como criança estúpida, meu dever era fazer estupidezes, e então aceitei o desafio e o cumpri com maestria... o que é meio óbvio, ao contrário não estaria aqui para contar isso.

Porém, a pior merda que ele me convenceu a fazer foi ir para "a rua de trás". Como vocês podem perceber, minha infância e pré-adolescência foram cheias de locais míticos: "o parquinho", "o paradão", "a rua de trás", etc. Mas, tenho que admitir que esta rua era o local mais mítico e mortal que conheço. Contarei-lhes o porquê.




JP entrou na escola na metade da quarta série, vindo de São Paulo... Ela ficava escondido lá no cantinho dele, isolado, e, como eu era um cara altamente extrovertido e "lhindo", resolvi puxar um papo sobre o plano astral em que vivemos, os 12 talismãs, a serpente que dá o bote no novilho indefeso, etc.

Em pouco tempo nos tornamos melhores amigos (BFF, honey) e começamos a voltar da escola juntos. Certo dia, JP me convidou para almoçar na casa dele e depois sair para dar uma volta de bicicleta. Aceitei, pois quem em sã consciência recusaria comida de graça?

Após o almoço, jogamos um pouco de Tarzan no Playstation e um outro jogo onde você começa em cima de um trem e tem que matar uns russos comunistas, mas que era muito difícil, por isso decidimos sair para pedalar.

JP pegou sua bicicleta e eu fiquei com a do pai dele, só que a correia ficava frequentemente caindo, então tínhamos que parar e dar uma de caras-do-box-da-Fórmula-Um para colocá-la de volta no lugar.




Conforme o tempo foi passando, acabamos ficando entediados de pedalar pela avenida principal e decidimos ir para "a rua de trás". Vejam bem, todo o tipo de coisa ruim acontecia na "rua de trás". Assaltos, assassinatos, estupros, rodinhas de pagode, gravações de Sandy & Jr. , era quase um Inferno na Terra. Ela só devia ser usada de passagem rápida para outros locais, mas nunca, nunca devia se permanecer ali por mais de três minutos. Este era o tempo que tínhamos para cruzá-la antes que o MAAAAL se abatesse sobre nós.

Porém, como criança sempre faz o contrário do que você diz para não fazer, fomos para lá, ver qual era a moral do lugar. Ficamos dando voltas por ali, sem nada acontecer, o que nos fez questionar a periculosidade do local. Até que, a correia caiu. E o MAAAL percebeu.




No momento em que JP parou ao meu lado e eu desci da bicicleta para arrumar a correia, um cara surgiu na esquina atrás de nós. E foi precedido por mais um cara, com um pedaço de pau na mão. E mais outro, e outro, e outros, e muito mais começaram a brotar daquela esquina (provavelmente um ponto de respawn) com pedaços de pau, alguns com facões e cabos de vassoura. Ficamos olhando aquilo sem saber como reagir.


Puta que o pariu, o cara do meio é igual ao JP!


Permanecemos parados ali, até que um deles soltou um berro de Uruk-hai e todos os outros começaram a berrar e correr em nossa direção.




JP, grande amigo como era, subiu em sua bicicleta e saiu, mas eu fiquei para trás, tentando consertar a correia, e a morte iminente ficando cada vez mais próxima. JP, vendo que fiquei para trás, parou e berrou:

- VEM!

- Guentaí, to arrumando o negócio.

- CORRE, PORRA!

- Tá, mas eu vou deixar a bicicleta pra trás, pode ser?

- NÃO!

- Ah, dane-se, então.

Peguei a bicicleta e saí correndo, JP mais a frente e os Uruk's logo atrás, brandindo suas foices e machados de guerra. Entramos na primeira esquina que levava à avenida principal, que nesta hora estava bem movimentada. Quando perceberam que havíamos saído de seu domínio, os Uruk's pararam de nos perseguir, balançando seus punhos e jurando vingança. Alguns pequenos goblins tentaram nos seguir, mas pararam quando perceberam que eles eram menores do que nós dois e voltaram para junto de seu bando. Ficamos parados ali por um tempo, até cair na risada e continuar pedalando por aí.


E, ao contrário do que pode parecer, nós voltamos, sim, à "rua de trás". Várias vezes, na verdade. Foi lá onde consegui fazer uma derrapada de 360º sem pôr o pé no chão e depois fiquei girando no mesmo lugar, com a cara arrastando no chão.


Minha cara ficou parecida com isso, só que com areia na boca.






Pessoas que enganaram a Morte (e a chutaram nas bolas)




Todos gostamos de pensar que somos foda. Mas o que você faria se realmente tivesse que encarar a morte? Como reagiria se fosse atirado de um avião sem pára-quedas, ou enterrado vivo? Isso é, depois de cagar nas calças, claro.

Bem, essas pessoas sobreviveram a isso e muito mais, dando um tapa na cara da Morte e mandando ela ir fazer um sanduíche.


Vesna Vulovic 1 X 0 Montanha




Vesna Vulovic foi uma aeromoça de uma linha aérea Sérvia durante os anos 70. Exceto por sobreviver a incontáveis apertadas em sua bunda durantes os voos, não há nada de especial sobre ela. Ah é, exceto pelo fato de que ela caiu de mais de 10.000 metros e sobreviveu.

Em 26 de Janeiro de 1972, nossa garota estava fazendo um turno extra devido a um erro da companhia. Ela aceitou o turno para conseguir uma graninha a mais, provavelmente para bancar o hobby dela de praticar luta livre com ursos, ou algo do tipo. Enfim, alguns terroristas decidiram explodir o avião dela e tiveram sucesso no pior momento possível, quando o avião estava a 10km de altura.



Tipo isso, só que durante o voo.



Ela só não sobreviveu à explosão que transformou o avião em pedaços, como foi a única pessoa que bateu direto na montanha e sobreviveu. Normalmente, isso seria uma droga, mas era inverno e a montanha estava congelada o que provavelmente fez parecer que Vesna a atingiu após cair 10km e alguns metros.

Agora, como eu estou falando da realidade e não de algum desenho, Vesna, de fato, quebrou alguns ossos e acabou entrando em coma, mas quando ela acordou, ela olhou para os lado e pediu um cigarro.

Não se conveceram? Eu mencionei que ela ficou paralítica... mas recuperou a habilidade de andar através de pura força de vontade e muito esforço? Ela também não sofreu nenhum desses efeitos psicológicos de bichinha e continuou a voar como se nada tivesse acontecido. Como bônus, ela conseguiu um lugar no Guinness Book.

Quer ver se você é tão resistente quanto ela? Sem problema, tudo o que você tem a fazer é pular de uma altura equivalente à vinte e seis Empire States.



Caso você esteja pensando, uma queda destas leva cerca de três minutos, o que deve ser tempo suficiente para contemplar a morte (a todas as decisões ruins que você fez na vida) e após isso, não se esqueça de viver, quebrar a coluna, entrar em coma, ficar paralítico e então se recuperar, o que eu acho que deve ser a parte mais difícil.


Aron Ralston Lee





Pra vocês que estão se perguntando, sim, esse é o cara do filme "127 Horas".


Bem, Aron era um engenheiro mecânico da Intel. Você sabe que esses engenheiros são conhecidos por serem caras resistentes.

Tudo o que ele fez foi sair para escalar na mata e voltou cinco dias depois, sem um braço que ele mesmo teve que cortar.

Parece que Aron era bom em escalar montanhas, o que já é bastante másculo, mas não o suficiente para colocá-lo nesta lista. Exceto durante esta escalada em particular em que uma rocha caiu sobre ele, esmagando seu braço e deixando-o preso ali. Por cinco dias ele trabalhou para remover a pedra, mas acabou percebendo que morreria se não tomasse uma atitude drástica.

Já que a idéia de cortar o próprio braço pode não impressionar os leitores mais "hardcore", tenho que salientar que primeiro ele teve que quebrar o braço contra a mesma pedra que o estava prendendo. Então veio a parte difícil, cortar através da pele.

Felizmente, Aron tinha um canivete suíço multi-uso. Infelizmente, era uma grande porcaria falsificada que ele provavelmente ganhou de uma tia no Natal. E, dizer que ele teve sorte por ter um canivete para cortar o próprio braço é como dizer que você é sortudo por ter um lenço umidecido enquanto sua cabeça está em chamas.




Porém, a Morte não iria desistir facilmente, e após cortar através da pele, Aron teve que usar o alicate para cortar os tendões que a faca não conseguia cortar. Se você acha que estes detalhes não são ruins o bastante, saiba que Ralston descreveu, em uma entrevista, como a sua pele já tinha apodrecido e se tornado um creme quando ele finalmente conseguiu se soltar.

Finalmente, ele se soltou, lançou um sorriso másculo em direção à Morte e foi procurar ajuda. Ele acabou perdendo o braço, mas o substituiu com um machado de escalada fodástico, concluindo em um único passo o que nós esperamos que a evolução faça por todos nós durante os próximos milhões de anos.






Jim Thompson





Jim era somente um vendedor, até que decidiu que poderia impressionar mais garotas se dissesse a elas que era um Boina Verde, o que ele se tornou.

Durante a Guerra do Vietnã, Jim foi capturado e mantido como prisioneiro de guerra, onde passou algum tempo sendo espancado e torturado. A propósito, este tempo que mencionei foi um período de nove anos, dando a ele um recorde por ser mantido como prisioneiro.

Seu avião foi derrubado em 1964, com Jim levando um tiro e quebrando as costas no processo. Sobreviver a isso seria história o suficiente para qualquer um contar pelo resto da vida. Mas, para Jim estava longe de acabar.

Após ser capturado, ele foi levado à uma base dentro da selva, onde foi preso em uma jaula de madeira muito pequena para ele se sentar ou ficar totalmente erguido. Durante meses seus captores quiseram que ele assinasse papéis dizendo que estava bem. Jim mandou eles à merda e em retorno foi surrado e torturado novamente. Após algum tempo, provavelmente porque sua voz estava rouca de tanto mandar eles à merda, ele acabou assinando.




Como recompensa, ele foi movido para um confinamento solitário durante quatro anos. Ele finalmente foi transferido para uma prisão com outros presos, o que era excelente, exceto que as surras e as torturas continuaram, o que tornou tudo um pouco ruim. Certa vez, durante seu tempo de cativeiro, ele ficou tão fraco que sofreu um ataque cardíaco. Percebendo que precisaria de seu coração para viver, Jim sobreviveu a esse susto e ainda conseguiu escapar da prisão cinco vezes.

O tempo cobrou seu preço à Jim e parecia que a Morte iria vencer esta. Outro prisioneiro que viu Jim relatou que pensara que o inimigo havia posto um cadáver na cela ao lado. Porém, a Morte esqueceu que Jim era um Boina Verde e ele resistiu até que foi finalmente solto, em 1973. Na época, ele estava pesando 40 kilos.

Thompson finalmente sucumbiu à morte, pouco tempo após ser liberado. E por "pouco tempo" eu quero dizer trinta anos depois, de causas naturais, na Florida.





Poon Lim





Ele era um mordomo em um navio britânico durante a Segunda Guerra Mundial, e com um nome bem infeliz, de acordo com os padrões Ocidentais.

O navio em que ele trabalhava foi explodido pelos alemães. Sendo um bando de filhos da puta, os alemães fizeram isso quando o navio estava bem distante da costa. Sobreviver à explosão não foi problema para Poon, mas isso o forçou a subir em uma jangada e se segurar até ser resgatado... 133 malditos dias depois.

No início, havia água e alguns biscoitos na jangada. Mas estes acabaram rapidamente e Poon teve que dar uma de MacGyver e fazer anzóis com unhas e usar latas para poder pescar.

Entre fazer coisas fantásticas como pegar um tubarão e beber o sangue dos pássaros que ele capturava, ele também teve que lidar com queimaduras solares, enjoos e tempestades que destruíram suas reservas de comida e água. Eventualmente, ele percebeu que precisaria de mais comida de quisesse sobreviver. Para nós, isso significaria mais peixe. Para Poon significou capturar um maldito tubarão. Para a Morte, significava que Poon não cairia tão facilmente.



Uma morte horrenda ou um lanchinho? Depende de quem você é.



Ele poderia ter sido resgatado mais cedo, mas outro submarino alemão que o avistou não lhe ofereceu nenhuma ajuda. Foi neste momento que Poon começou a suspeitar que os Nazistas eram um bando de babacas.

Ele finalmente navegou até próximo à costa brasileira e foi resgatado por alguns pescadores, e atualmente a Marinha dos Estados Unidos ensina as técnicas de sobrevivência dele para seus marinheiros.

Da próxima vez que você sentir vontade de reclamar sobre o quão pequena é sua casa, só imagine viver quatro meses em um destes:





Os irmãos Meng




Eles eram dois mineradores de carvão na China, o que é basicamente tirar seu sustento cutucando a Morte na cara.

Meng Xianchen e Meng Xianyou estavam trabalhando duro em uma mina quando o túnel em que trabalhavam desmoronou, enterrando-os vivos. Normalmente minas de carvão não são seguras em lugar algum, mas os irmãos Meng estavam em uma mina ilegal, o que significava que o dinheiro da segurança estava sendo gasto em bebidas e subornos ao invés de coisas como oxigênio ou treinamento de emergência.

Após as minas desmoronarem, um time de resgate foi enviado para tentar cavar e tirar os dois de lá, mas rapidamente desistiu. Então, os seus companheiros mineiros decidiram tentar, e foram prontamente presos por mineração ilegal, presume-se que sob a idéia de que eles poderiam acidentalmente cavar algum carvão junto com os dois seres humanos presos sob ele.




Então, presos no subterrâneo sem água e comida e um sistema retardado demais para conseguir salvá-los, todos perderam suas esperanças. Os parentes dos Meng's fizeram até funerais em frente à mina.

Os irmãos, porém, ainda viviam. Percebendo que o resgate não viria, os irmãos decidiram cavar por conta própria. Armados somente com uma picareta e suas mãos, eles cavaram através de 20 metros de carvão.

Entre fazer piadas sobre suas esposas e beber a própria urina, eles também tentaram comer um pouco de carvão para aliviar a fome. De acordo com eles, carvão tem um gosto ótimo quando se está faminto. Em outros casos, ele tem gosto de merda... Ou de carvão.

Assim que eles chegaram à superfície, Meng Xianchen e Meng Xianyou fizeram uma saudação sarcástica para a Morte e deram uma longa encarada nos oficiais que cancelaram o resgate. Então, eles foram para o hospital, onde Meng Xianchen disse que cagou carvão por vários dias.




Brent Case




Ele trabalhava como um supervisor no Canadá, que é como os Estados Unidos, só que com cerveja melhor e menos armas.

Brent estava cuidando dos seus próprios assuntos enquanto trabalhava em um parque florestal quando a Morte veio lhe visitar na forma de um urso-pardo adulto com 400 kilos.




Brent estava carregando um machado, mas isto provavelmente não ajuda muito contra um urso, a não ser que seja o tipo de machado que dispara balas de espingarda. Brent, conhecendo seu machado, preferiu se fingir de morto.

Infelizmente, o urso não procurava por uma luta justa e começou a mastigar a cabeça de Brent. Em determinado momento, ele chegou a pensar que o urso estava comendo o cérebro dele. Enquanto isto acabou não se mostrando verdade, pela foto abaixo você não pode culpá-lo por pensar isso.




O urso deu mais algumas mordidas no crânio de Brent, o atirou em um pântano e pulou nele ao estilo WWE algumas vezes antes de dizer "Dane-se" e ir embora, deixando-o para morrer.

Deve ser notado que se fingir de morto provavelmente salvou a vida dele, já que ursos não comerão uma vítima que está morta (não tenho certeza da razão, mas creio que seja considerado desonroso segundo o código sob o qual todos os ursos vivem). Enfim, com o seu escalpo pendendo sobre seu crânio e sangrando muito, Brent conseguiu se levantar e procurar por ajuda. Ele voltou para o seu carro e dirigiu por 25km, coberto de sangue e mordidas de urso. A Morte só pode ficar no acostamento da estrada e balançar seu punho contra ele.



Alexis Goggins




Ela era uma estudante da primeira série, indo à aulas e saindo com seus amiguinhos.

Mas, ela tinha que salvar a mãe dela de um cara maluco. Ela fez isso pulando na frente dele e levando seis tiros, à queima roupa, incluindo dois na cabeça.

Tudo começou quando um meliante sequestrou Alex e a mãe dela (OK, o meliante era o namorado da mãe). A mãe tentou enganar o cara e conseguiu ligar para o 911, mas os policiais disseram que não poderiam enviar ninguém. Aparentemente, eles estavam ocupados com coisas piores do que um cara mantendo uma criança como refém, sob a mira de uma arma.

Foi aí que o meliante decidiu que deveria marcar seu bilhete para o Inferno e começou a atirar. Duas balas atingiram a mãe antes que a pequena Alexis pudesse intervir, implorando para que ele parasse de atirar. Sem hesitar, ele atirou seis vezes em Alexis, que levou as balas que teriam matado sua mãe. Nesta hora os policiais chegaram, já que perceberam que as coisas estavam ficando sérias porque agora alguém estava atirando de verdade.




Por alguns segundos, Alexis pensou em morrer, mas decidiu que ainda havia algumas coisas para fazer. A Morte só pôde observar enquanto ela pegou suas coisas e voltou para a terra dos vivos, apesar de alguns ferimentos sérios que teriam matado a maioria de nós duas vezes, e alguns de nós, três vezes.

Isso seria extremamente impressionante para um soldado veterano em combate, e muito mais para uma garotinha de sete anos de idade. E, enquanto eu quero me manter fiel a minha teoria original de que ela, na verdade, é uma Highlander imortal, a verdade é que esta garotinha de sete anos é simplesmente mais homem do que qualquer um de nós jamais será...



quarta-feira, 27 de julho de 2011

Altitude e Beat Hazard




Decidi parar tudo o que estava fazendo (salvando o mundo, tirando gato de árvore, bolo de chocolate, essas coisas) e indicar dois jogos que descobri durante a madrugada, enquanto vagava pelos becos da Internet.




O primeiro se chama Altitude.

Altitude é um shooter 2D de aviões, como os clássicos Gradius, Raiden e Gunstar Heroes. Ele é vendido pela Steam por 2 dólares, mas você pode baixar a versão DEMO que tem em média 90% do conteúdo da versão completa, tirando somente algumas modificações para seu avião.


Primeiro você cria uma conta, pode ser feito pelo menu de opções do jogo, e, se quiser, pode completar um tutorial e jogar contra os bots para adquirir experiência. Conforme você joga e sobe de nível, modificações vão se abrindo para seu avião, como blindagem e armas mais fortes e novas pinturas, e quando você atinge um nível em específico novos aviões ficam a sua disposição. Você começa com um simples aviãozinho medíocre, que por alguma razão ainda é meu favorito, e pode chegar a bombardeiros, planadores, caças e até naves espaciais.
Cada um tem algo de melhor do que o outro. Uns são mais rápidos mas têm menos proteção, enquanto outros são literalmente tanques voadores mas são muito lentos.





Os controles podem ser um pouco complicados no início, por isso recomendo que se complete o tutorial. Você pode utilizar o teclado: setas para esquerda e direita se movem na direção desejada, as teclas F e D são suas armas e a tecla S você usa para ativar os power-ups que pega pelo cenário, como mísseis mais fortes, bombas e escudos. Ou então, você pode utilizar o mouse para se mover e os botões dele servem como as armas. O problema é que o único método de acelerar ou desacelerar é através das setas para cima e para baixo, então qualquer um, como eu, que estiver acostumado a jogos de tiro, vai querer mirar com o mouse e se mover com as setas, o que vai lhe render muitas batidas em paredes e mortes ridículas. Mas, com o tempo dá pra se acostumar e o jogo segue de boa.

O sistema de voo é bem simples. Você segura a tecla para baixo para diminuir a velocidade ou segura a tecla para cima para aumentá-la. Quando o medidor de velocidade, indicado por uma barra laranja sobre o seu avião, ficar vazio, o motor desliga e você inicia uma queda livre. O único método de sair desta condição é apontar o nariz do avião para baixo, pegando impulso e podendo acelerar novamente. Pode parecer ruim, mas é bem útil quando alguém está lhe perseguindo e você quer mirar para trás sem ter que dar uma enorme volta ou quando quer mudar rapidamente de direção.
Já quando o medidor estiver cheio e você continuar acelerando, o avião entra na condição de Afterburn, uma espécie de turbo. Pode ser bem útil em alguns momentos, mas não é ilimitado.

A quantidade de tiros, especiais ou normais, e o tempo de Afterburn são medidos por uma barra azul, logo abaixo de uma barra verde que é a vida de seu avião. Não preciso dizer o que acontece quando a barra verde acaba...




Não prestei muita atenção pra ver se há alguma espécie de música, mas sei que o som dos motores, tiros e explosões são muito bons.

Os gráficos são um pouco caricatos. Os cenários ao fundo parecem ter recebido um pouco mais de atenção, mas os aviões, torres e bases são bem simples. Não que isso torne o jogo ruim, pelo contrário, o deixa com um aspecto mais cômico.

E finalmente, a parte principal, o modo online. Sim, você pode jogar offline contra os bots, mas a grande diversão está no multiplayer. Existem dezenas de salas de multiplayer para você escolher em qual jogar e o que torna a experiência muito melhor é que a maioria dos jogadores são pessoas que utilizam a versão DEMO, logo, é difícil haver alguém que tenha uma nave super overpower. E mesmo que haja alguém com uma Death Star da vida, o jogo é extremamente balanceado, então até você com seu monomotor pode destruí-la, o que torna tudo mais divertido e desafiante.

Existem três modos de jogo: Deathmatch, que é o famoso "cada um por si", há um modo em que cada time deve pegar uma espécie de bola e atirá-la no gol do adversário e há o modo mais divertido de todos, o TBD, Team Base Destruction, onde cada time deve pegar uma bomba que aparece em certos intervalos de tempo e atirá-la na base do adversário. Aquele que destruir a base do outro primeiro, vence. E entre esse intervalo de tempo em que não há bola ou bomba no cenário, o que resta são muitos tiros e explosões para todos os lados, enquanto ambos os times ficam tentando ganhar experiência e aumentar o seu ranking.




Meu veredicto: Já cheguei olhando torto para Altitude, mas após alguns minutos de tutorial, entrei no multiplayer e fiquei oito horas seguidas jogando sem sequer ficar enjoado. No início tudo pode parecer um pouco confuso, mas quanto mais se joga, mais viciado você fica. Em pouco tempo você surpreenderá a si mesmo, quando perceber que já está criando táticas para derrotar os adversários ou fazendo rivais e sempre procurando-os para um duelo através do campo de batalha. E, acreditem em mim, não há nada tão divertido quanto desviar de todo mundo e acertar uma bomba em cheio na base deles... Ou se lançar contra uma bomba para proteger a sua base.



Já o segundo jogo é algo totalmente diferente do que eu já havia visto.





Beat Hazard é igual ao clássico Asteroids ou ao moderno Geometry Wars. Você tem sua nave e tem que destruir os meteoros e naves inimigas que se aproximam, coletando os power-ups que eles deixam pelo cenário.

A diferença está na mecânica do jogo. A força e a velocidade de seus tiros, a resistência dos inimigos, o poder de fogo deles, tudo é medido pela batida da música. Quanto mais lenta, menos inimigos aparecem, porém você também fica mais fraco e lento. Quanto mais rápida, mais forte você fica, porém a tela se enche de inimigos vindo de todos os lados.

Porém, o ponto forte do jogo é que você pode colocar as suas próprias músicas e ele as reconhece e cria um cenário baseado na sonoridade dela. Número de instrumentos, velocidade das notas, tom de voz do vocal, tudo é computado para criar uma experiência extremamente interessante.




Você utiliza somente o mouse e as setas do teclado. As setas servem para se mover e o mouse para mirar, atirar e lançar bombas, que destróem tudo o que há na tela, com a excessão de algumas naves e dos chefes.

Os gráficos são ótimos, já que são totalmente baseados na batida da música. Quanto mais rápida a música estiver, mais luzes e cores variadas piscarão pela sua tela, fazendo de tudo um grande festival de psicodelia.




Não há muito a se dizer sobre o som, já que é você quem decide qual será a trilha sonora do jogo. Digamos que os sons de tiros e explosões são quase imperceptíveis quando você está sendo atacado por todos os lados.


Conforme você derrota os inimigos, alguns power-ups aparecem pelo cenário. O POW (power) aumenta a força de seus tiros, o VOL (volume) aumenta o volume da música que está sendo tocada e o +1 multiplica o seu contador de pontos. Há também mais dois métodos de multiplicar os pontos: ficando sem atirar por algum tempo, uma barra onde está escrito "Dare Devil" aparecerá. Se ela encher, o contador se multiplica em 5x. O outro método é o "Survivor", uma barra que aparece quando há muitos inimigos na tela e enche conforme você se mantém vivo.


O jogo pode ser jogado offline e online, mas para isso você deve comprá-lo pela Steam. Lógico que, como qualquer outra coisa na Internet, é possível encontrá-lo em sites de torrent (cof cof thepiratebay cof cof). Se você não comprá-lo, além de não poder jogar online, a cada vez que sair do jogo, seu ranking e achievements coletados serão reiniciados, o que tira um pouco da graça do jogo. Mas, há sempre uma solução para este tipo de problema... (cof cof thepiratebay cof cof)




Meu veredicto: Beat Hazard surgiu com uma proposta interessante e cumpriu tudo o que havia sido prometido. O sistema de adição de músicas faz com que cada vez que você jogue se torne uma experiência totalmente nova. Combinando isto a comandos simples, belos gráficos e um festival de luzes gritantes, este jogo conquista um lugar na galeria dos melhores.

PS: Não indico para quem tenha algum tipo de desordem neural, como epilepsia e etc. Está dado o aviso. Se algum de vocês vier me culpar, juro que mando o Undertaker lhe fazer uma visita!





From Russia With Love,
Mokozawa o/



terça-feira, 26 de julho de 2011

Off-road




Houve um tempo em que andar de bicicleta com os amigos era a coisa mais radical que eu podia fazer. Lembro muito bem da sensação que tive quando ganhei minha primeira bicicleta e também lembro da sensação ao cair dela no mesmo dia.


Há alguns anos atrás, eu morava em Laguna, SC. Um lugar horrível para se morrer, de fato, mas um ótimo lugar para fazer um off-road de bicicleta, descendo morros a mais de 140km/h desencandeando uma força de 1.21 Gigawatts que te faz viajar de volta para o futuro ou andando pelo "parquinho".

O "parquinho" era, como vocês que não possuem demência podem perceber, um parque. Havia nele tudo o que creio haver em um parque voltado para crianças: balanços, gangorras, ficava ao lado da Avenida Beira-Mar e ao redor dele havia uma pista de ciclismo cheia de buracos e areia e com uma curva meio inclinada.



Não era TÃO inclinada...



Decidi estrear a bicicleta, portanto fui ao encontro de meus amigos. Como de costume, encontrei-os na sacada de JP, usando um binóculo para olhar as mulheres que andavam de bikini pela praia.

.......
......
......

Que foi? Nessa época ninguém tinha PC, internet ou dez reais pra comprar uma playboy!


Enfim, convenci-os a descer, mesmo sem ter meu bônus de persuasão e carisma. Pegamos as bicicletas e ficamos andando pela cidade até que alguém deu a idéia de ir para o "parquinho". Tivemos sorte de chegar lá e estar vazio, exceto por algumas garotas sentadas em um banco e alguns jovens anciões jogando bocha.


O esporte dos campeões!



Ficamos pedalando vagarosamente, analisando o local e as periculosidades ali existentes.


Afinal, o perigo de um urso aparecer é iminente e constante.



Ficamos nesse rala-linguiça até que o instinto animal de alguém falou mais alto e decidimos ir mais rápido, pois queríamos impressionar as garotas ali presentes com nossas soberbas habilidades sobre duas rodas.

Estávamos em quatro pessoas e ficávamos andando em fila pelo circuito inteiro, indo cada vez mais rápido. Até que JP decidiu me ultrapassar e eu não gosto deste tipo de coisa. Quando percebi as intenções desonrosas dele, resolvi fechá-lo, porém, JP era um rapaz ágil e esguio, um hídribo entre lagarto e ninja.



Muito parecido com o Reptile.



O garoto facilmente desviou de minha investida e chutou a roda dianteira da bicicleta, fazendo com que eu perdesse o controle. Quando consegui retomar as rédeas de minha montaria, percebi que estava muito próximo à curva inclinada, e muito rápido para poder parar a tempo. A única solução que surgiu em minha cabeça foi uma manobra que requeria extrema habilidade e gingado: A Derrapada.

Vejam bem, na época que ganhei a bicicleta, eu já tinha concluído o módulo básico de aprendizado e também o que ensina a pedalar sem uma das mãos no guidon... Sim, porque meu senso de "vai dar merda" é mais forte do que minha vontade de ficar sem as duas mãos...

Enfim, eu estava recém aprendendo a derrapar e nunca haviam me dito que a necessidade de pôr um dos pés no chão era existente e nem que o excesso de areia poderia me prejudicar um pouco e como o "parquinho" era de frente pra praia, a pista inteira estava coberta por areia, especialmente esta curva.

MAS, como qualquer garotinho em fase de crescimento, minha intenção era impressionar as garotas com meu molejo e delicatessen (que palavra bonita... vou usá-la mais vezes!) e eu nem prestei atenção para as chances de morte iminente que a Mãe Natureza havia posto em meu caminho.



I cannot be defeated. I BEAT ALL MEN!!



Meti o dedo no freio, virei a bicicleta de lado, mas a grande quantidade de areia e a falta de um pé no chão fizeram com que eu perdesse totalmente o controle da situação. O pneu bateu na lateral da pista (que foi construída pra evitar que este tipo de coisa acontecesse), e eu saí voando de lado. Voei por cima da calçada, voei por cima do arbusto, voei por cima do cachorro e finalmente caí no meio da rua.





Levantei e vi que, além de meus maravilhosos amigos, as garotas também riam de minha decolagem não-premeditada. Tirei a areia da roupa, peguei a bicicleta e passei o dia inteiro sendo lembrado de como fico muito bonito em pleno voo.


E, bem, no fim das contas, acho que impressionei as garotas, não?





Passeio na chuva




Ah, quanta falta sinto da minha Hammer... Passamos por bons momentos.... Subimos montanhas, atravessamos florestas, derrubamos portões e, em um fatídico dia, ela foi levada por Mr. Grimm para o Paraíso das Hammer's.

...

Anyway! A historinha que contarei para vocês hoje se passa em uma época muito antiga, muito antes de eu ficar acordado até as seis da manhã ouvindo La Bamba e tomando Toddy, muito antes da Ala Zanha existir, muito antes de eu ter +20 de bônus em persuasão e provavelmente muito antes da Pangéia se separar.

Nesta época, eu era uma criança ingênua e, como qualquer criança ingênua, ainda estava aprendendo a andar de bicicleta. Quem me ensinou tudo o que sei e que emprestou uma bicicleta por muitos anos foi meu antigo colega e ex-amigo (não sei se ele ainda vive D:), John Les Paul, ou JP.

Certo dia, resolvemos ir para a escola de bicicleta. Conforme a manhã foi passando, o céu foi ficando cada vez mais escuro e cheguei a pensar em chamar Will Smith pra dar uma checada no local.


Afinal de contas, ele já tem experiência com esse tipo de coisa, não?



Na saída da escola, a Mãe Natureza resolveu pregar uma peça em nós dois e invocou uma tempestade de proporções bíblicas, na tentativa de nos impedir de sair do local. Quando vi o dilúvio que ocorria na cidade, resolvi pegar o ônibus para voltar pra casa, porém John me alertou que havíamos ido de bicicleta, e como as duas bicicletas eram dele, eu teria que voltar junto.

OK, mesmo que você não seja um filho da puta descomunal, há sempre alguma coisa no seu inconsciente que nessas horas te diz: "vai dar merda".

MAS, HEY! Nós éramos crianças com espírito aventureiro e tínhamos Toddynho ao nosso lado, logo o "vai dar merda" se tornou um "por que não?"


Toddynho, meu companheiro de aventuras!



E assim partimos em direção a nossas moradias, sob forte chuva, com duas bicicletas antigas, na contra-mão e sem pneus para pista molhada.

Tudo correu bem por metade do caminho (tirando a raiva líquida dos Céus que era despejada sobre nós), mas, como eu já mencionei antes, nesta época eu não era um High Transcendental Aurorian Warlord abençoado por Toshiro e ainda não havia conquistado nenhum território à minha escolha ou eliminado as peças vermelhas. Por essas e muitas outras razões desconhecidas, a Mãe Natureza gostava de tirar sarro de mim e pôr obstáculos em meu caminho, e eu não estou contando aquela vez em que o pneu dianteiro da bicicleta travou em um buraco e eu voei de cabeça em um poste e acordei quinze minutos depois, em um táxi a caminho do hospital com minha mãe desesperada ao meu lado.

Enfim, para a maioria das pessoas, a Mãe Natureza se parece com isso:





Já no meu caso, ela tá mais pra um Ivan Drago que adorava me ferrar sempre que possível...



I MUST BREAK YOU!!!



E neste dia ela resolveu caprichar. Pedalávamos por uma ruazinha estreita, porém muito movimentada. John estava alguns metros à minha frente, quando, de repente, ele se vira pra trás e berra:

"OLHA..." (O que ele disse? Não escutei nada!)

"...O..." (Hein?!)

"...BURACO!" (Buraco? Que buraaaaaaaaaaa......)

Quando JP terminou a frase, eu já estava fazendo um faceplant no asfalto molhado.





Fiquei estatelado de boca no chão por alguns segundos, até que levantei a cabeça pra tentar entender o que havia acontecido. Eu, atirado no meio da rua, encharcado e todo dolorido, uma meia dúzia de transeuntes curiosos me olhando, a bicicleta caída ao meu lado, John rindo compulsivamente e uma Fiorino, uma maldita Fiorino branca vindo em minha direção. O motorista tentou frear, porém chovia demais e o carro não parava. Esse momento ficou marcado na minha memória porque o pára-choque do carro passou a centímetros do meu rosto e eu não consegui me mover, tamanho foi o desespero. Só lembro de ter sentido tanto medo quando chamei uma ex-colega de lésbica e fui perseguido por ela durante três semanas seguidas.

Finalmente, o carro parou e o motorista saiu. Certo, quando acontece alguma coisa desse porte e o motorista sai do carro, você pensa que ele saiu para ver o que aconteceu e se você, por misericórdia do Senhor, ainda está vivo e não vai causar problemas a ele. Quando você é uma criança e acontece algo desse porte e o motorista sai do carro, você pensa: "CARALHO! ELE SAIU! ELE SAIU! FUDEU! FUDEU! EU VO MORRE!!! CORRE! CORRE!"


Me levantei, juntei a bicicleta e saí correndo em disparada. E uma das dificuldades que eu tinha na época era subir na bicicleta em movimento, portanto eu saí correndo pela rua, carregando a bicicleta, enquanto John ia mais a frente e ria freneticamente.

No momento não senti nada, porém quando cheguei em casa que percebi que meu joelho estava praticamente dilacerado e minha perna toda suja de sangue. Logicamente, John riu ao ver esta cena, porque é isso que um amigo faz.

Ah, e na hora que eu fui descer da bicicleta pra entrar no prédio em que ele morava, tentei imitar algo que vi alguém fazer, que provavelmente era um profissional bem-treinado e que agia sob circunstâncias controladas, que era parar o pneu dianteiro da bicicleta colocando o pé nele, enquanto ainda sentado no banco. Bem, já dá pra imaginar que meu pé prendeu na roda e eu fiz um segundo faceplant consecutivo em menos de uma hora....



Concordo com você, Hot Rod. Crianças SÃO estúpidas...





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