segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lá e de Volta Outra Vez








Olá, pessoas bonitas! Escrevo-lhes de meu reduto secreto localizado em algum local do Atlântico e informo-lhes que minha missão de reconhecimento e conquista foi bem-sucedida. Creio que em alguns ciclos lunares poderei retornar a meu local de origem e repassar as informações coletadas. Enquanto isso, deixo-lhes com uma aventura de meu passado. Au revoir, mon ami!




O ano é 2006, época em que eu era apenas um vassalo de forças maiores e mais populares e frequentava a 7ª série pela segunda vez. Após um longo dia de vadiagem e mutretagem na escola, me dirijo ao ponto de ônibus e já vou imaginando os encantos de minha residência.

Eis que alguém me chama, e esse alguém era Gordo, meu predecessor e mentor social, e pergunta se não quero pegar o ônibus com ele e os outros caras. Vejam bem, nessa época minha moral era menos do que nula, então a possibilidade de poder pegar ônibus com a galera maneira era extremamente tentadora.

Aceitei a proposta e me juntei à Gordo, Roger e Franchesco (que se fosse italiano, com certeza teria muito mais sentido no nome) e fomos à parada do INSS.

Pausa para explicação: existem 5 paradas (ou pontos, chame como quiser) onde se pode pegar o ônibus nas redondezas da escola. A 1ª, em frente à escola e sempre lotada, logo descartada por eliminação.

A 2ª, próxima ao Colégio Cristo Redentor, escola particular, local de putinhas mimadas e playboyzinhos de merda (salvo algumas Coisinhas Fofas) porém com seguranças gente-boa que nos permitiam entrar pra tomar água e apertar a bunda das patricinhas. A única "vantagem"de se pegar ônibus ali era esperar meia hora pros alunos do CCR saírem e ficar olhando os peitos das alunas, de resto, quase sempre estava lotada.

A 3ª, em frente ao Corpo de Bombeiros, porém era precedida pela "Subida", elevação mítica, a qual somente os mais fortes de espírito conseguem alcançar o topo e sempre cheia com os alunos do CCR. Devo citar que havia uma rixa muito grande entre os alunos de nossa escola (pública e com gente do gueto, ese) e os alunos do CCR (particular e com toda a bosta já citada anteriormente). Eu vim do CCR, por isso sei do que falo. Resumindo, pegar o ônibus ali estava fora de cogitação, ainda mais com o Franchesco que era um porra louca do cacete.

A 4ª, em frente ao INSS, e a mais calma de todas.

E por fim, a última era "O Paradão", utilizado somente em casos extremos e de emergência.






Chegamos no INSS e ficamos esperando o ônibus, mas nisso, do outro lado da rua, aparecem dois garotos que ficam nos encarando. Isso dura alguns minutos, até que Franchesco, no alto de toda sua porra-louquice começa a berrar com a dupla, os xingando e dizendo que iria cortar seus membros viris e dar de comida para uma cabra.

Os dois nos encaram por uma última vez e saem dali, em direção ao já mencionado "Paradão". Para vocês terem uma noção do ambiente, imaginem que estávamos parados em uma rua e em diagonal há uma subida, e lá no alto fica "O Paradão". Ou seja, de onde estávamos tínhamos plena visão daquela rua.

A dupla entra em um prédio e some por alguns minutos, enquanto Franchesco fica dizendo que é o fodão e que mata o pau e mostra a cobra. Até que, eu percebo que Gordo está muito calado. Vejo que ele está pálido e olhando para "O Paradão". Olho para a mesma direção e meu queixo cai. Gordo solta uma única exclamação: - "Fudeu!"


Do topo da subida vinham os dois garotos, mas de cada prédio que eles passavam saia uma dúzia de garotos, vindo em nossa direção. A cena era idêntica ao clipe de Beat It: neguinho saindo de beco, saltando de lixeira, pulando de poste!





Enquanto a multidão enfurecida de Frankenstein se aproximava, nós tentávamos decidir o que fazer. Gordo queria correr, o que seria inútil, pois a qualquer momento, um braço poderia sair de um bueiro e nos puxar para os profundos esgotos de águas negras da cidade, já Franchesco queria ficar e brigar, porque é isso que qualquer pessoa retardada e com um complexo de superioridade faz perante á morte iminente. Relembro que minha moral era baixa, por isso não pude ter opinião nesta decisão. Enquanto nos desesperávamos e Franchesco já escolhia em quem bater, do nada, from nowhere, do dia mais claro e da noite mais escura, surge o ônibus.







Por alguma razão divina, o motorista sabia que corriamos perigo e parou cantando pneu, com as portas já abertas. Não paramos para pensar, saltamos correndo para dentro do ônibus, com as portas se fechando a nossas costas. Porém, antes do ônibus arrancar, a multidão com sede de vingança o alcançou e começou a socar e chutar a porta, para tentar invadir. Felizmente, aquele ônibus possuía um motorista extremamente hábil, que rapidamente saiu daquela situação de perigo. O resto da viagem ocorreu normalmente, porém aquele dia deixou sequelas terríveis. Até hoje, é difícil passar por aquela parada sem ficar atento à qualquer movimentação.

Nunca se sabe quando alguém pode sair de um arbusto e tentar te estrangular...









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