sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nostalgiando: Okami




Era para começar na próxima semana, após discutir com os outros se esta minha idéia seria realizada ou não, mas decidi ignorar a opinião deles e começar agora mesmo.




Bem-vindos à coluna Nostalgiando! Aqui farei um review de jogos, tanto antigos quanto atuais, considerando várias características de cada um. Tentarei manter um ritmo semanal, um post a cada sexta-feira.
Aproveitando o embalo e nostalgia de um segundo playthrough, que maneira melhor de começar senão com um ótimo jogo para PS2? Mas será que ele é tão bom assim? Venham comigo e eu lhes direi!





Ninguém discorda de que o Playstation 2 foi um marco na história gamer e que ele envelheceu de forma espetacular. Mesmo seis anos após seu lançamento o console ainda brigava pela liderança do mercado, mas com a chegada da nova geração de consoles, o PS2 já se desgastava e vivia apenas de alguns clássicos ou updates de franquias da EA e Activision.
Foi impressionante a maneira com que Okami chegou e mudou isso. Mais impressionante foi o fato de se ver jogos da next-gen degladiando entre si para deixarem uma impressão visual ou emocional enquanto um jogo de um console já considerado obsoleto fazia ambos sem esforço algum.





A razão disso vem de uma excelente mistura de arte e humor, sendo a primeira extremamente importante. O fator literário do Cel-shading acabou a muito tempo quando até mesmo o mais básico artista se utilizava dele para deixar sua própria marca, mas Okami é um dos jogos que realmente faz uso de todo o potencial da técnica. Aqui o jogo invoca o espiríto da clássica pintura em pergaminhos no Japão e uma conexão com a mitologia antiga. Seu mundo pintado, uma mistura de linhas e cores em constante mudança, pode parecer estranho em imagens mas, acreditem em mim, é espetacular em movimento. Há horas em que o jogo se aproveita totalmente dos movimentos da câmera ou de cores vibrantes de uma maneira tão impressionante que até alguns títulos mais avançados tecnicamente seriam incapazes de sonhar.
O estilo visual é uma maneira brilhante de se trazer um mundo de folclore antigo a vida, mas é só uma das coisas que fazem de Okami algo tão especial.






Aqui o pincel não é somente um enfeite, mas também a principal arma do jogo. Para explicar da maneira mais resumida, algo que você desejará que o interminável vídeo de introdução houvesse feito, você joga com a deusa japonesa do Sol, Amaterasu, encarnada na forma de um lobo branco e enviada para banir o demônio Orochi de volta para a escuridão de onde ele veio. Apesar de sua forma com quatro patas e da falta de polegares opositores, Ammy se mostra muito habilidosa com uma grande variedade de armas celestiais (Celestial Weapons), mas nenhuma se compara ao seu magnífico pincel. A qualquer hora do jogo, você pode pressionar o botão R1 e parar o mundo em uma tela monocromática, então usar um analógico para mover o pincel e dar elegantes pinceladas sobre a imagem congelada.
Diferentes pinceladas e formas possuem diferentes poderes. Alguns destróem indefesos inimigos e fatiam enormes pedras ao meio, outros fazem árvores brotarem do chão ou reparam pontes quebradas. Outros podem criar bombas, invocar vitórias-régias sobre a superfície da água ou vinhas de cipó que agarram Ammy e a atiram para o alto assim podendo alcançar locais antes inalcançáveis. Na verdade, o pincel se transforma no equivalente das várias ferramentas que Link encontra nos jogos da série Zelda, possibilitando que nosso herói acesse novas áreas, resolva puzzles específicos e até mesmo derrote os mais amedrontadores monstros quando parece que toda a esperança está perdida.







Se acostume com as comparações à Zelda, pois Okami constantemente às invoca. Isto é, provavelmente, o mais próximo que alguém de fora da Nintendo conseguiu desenvolver que batesse de frente com a sua séria mais adorada. A jogabilidade básica é similar, e a estrutura começa mais ou menos da mesma maneira que os últimos jogos da série. Você explora uma área, resolve os desafios e completa algumas tarefas, abre uma dungeon, aprende habilidades novas, enfrenta o chefe e então usa seu poder recém-descoberto para descobrir a próxima parte. Com certeza é clichê, mas funciona muito bem.









E mais, Okami atinge um balanço similar entre o épico, a missão de contos-de-fadas e uma enorme gama de simples e estranhas tarefas domésticas que você deve completar se quiser receber os corações-bônus ( aqui células solares) e upgrades para seus itens que farão partes mais avançadas do jogo realmente mais fáceis. Em Okami, você é uma força natural do bem em um mundo corrompido por demônios, então é claro que você passaria boa parte do seu tempo ressuscitando cerejeiras apodrecidas, alimentando animais e ajudando os pobres moradores com seus problemas diários. É surpreendente que haja tão poucos jogos, como Zelda, GTA e Oblivion, que parecem entender que um bom jogo não precisa ser somente sobre a missão e ganhar poder, pode ser também sobre andar por aí e se envolver na riqueza daquele mundo.





E é aí que o humor entra. Qualquer jogo que começe com 15 minutos de um fundo preto e branco com pouco movimento, corre o risco de ser levado a sério demais, mas a grande vantagem de Okami é que isso não ocorre. Ao contrário, o jogo constantemente sofre com tiradas cheias de sagacidade e um charme animado. Como Link na série Zelda, Ammy é um fundo branco, sem diálogo ou personalidade própria, mas ela está rodeada pelas mais bizarras e divertidas personagens que você já viu.





Seu constante companheiro, o equivalente a Navi ou Midna em Zelda, é um homenzinho minúsculo chamado Issun, com uma boca rápida, pretensões artísticas e uma atitude um tanto quanto curiosa com o sexo feminino. Durante sua aventura você também encontrará um samurai bêbado dividido entre sua covardia e sua necessidade por admiração e um estranho, mas estiloso guerreiro que tem a mania de introduzir palavras em francês em suas frases, sem mencionar um bando de toupeiras que só querem amigos, uma gangue de pombos e um cão que se sente envergonhado pela fraqueza de seu dono. O time original da Clover Studios merece o crédito por reunir um elenco tão maravilhoso, mas o crédito também vai ao time que trabalhou na tradução para o inglês. Eu não diria que Okami possui o melhor enredo existente, mas com certeza é o tipo de história que prende o jogador.






Porém é estranho, enquanto o jogo segue algo realmente peculiar acontece. O tom começa a mudar mais e mais da aventura divertida para a verdadeira história sombria que está acontecendo. Não sei se isto foi planejado, mas mesmo que o jogo pareça perder sua mágica mais ou menos pela metade, ele ainda é capaz de manter as duas coisas balanceadas, a história e a aventura. Se você quer uma história épica do bem contra o mal, então você conseguiu. E Okami até avança bastante nas mecânicas de combate e upgrades de armas da mesma maneira que a maioria dos jogos da Capcom. Mas se você tirar um tempo só para relaxar, completar side-quests e apreciar a bela paisagem, com certeza aproveitará muito mais o jogo.

Outro fator importante é a trilha sonora impecavelmente composta pelo mestre Hiroshi Yamaguchi. Com destaque para esta e esta. O som com certeza ajuda, e muito, na imersão do jogador no mundo folclórico que lhe é apresentado. Desde as passadas rápidas de Ammy até o som das armas atingindo os inimigos, acompanhado de músicas épicas, tudo contribue para criar a ambientalização.



É um jogo tão bom quanto Twilight Princess, que é da mesma época? Quase, mas nem tanto. Não é tão agitado, às vezes as dicas de Issun são bem inúteis e a câmera se posiciona de uma maneira horrível nos piores momentos. E mais, algumas batalhas contra os chefes são extremamente irritantes e não é um jogo muito longo (uma média de 30 horas, apesar de ser muito maior do que Wind Waker). Finalmente, enquanto as dungeons foram bem criadas e oferecem um certo nível de dificuldade, devo dizer que ninguém faz dungeons como a Nintendo, e Okami não chega perto dos clássicos templos de Zelda. Apesar disso, o fato de que pode ser mencionado no mesmo patamar de Zelda diz tudo. Belo, inspirador e único, Okami é o tipo de jogo que qualquer gamer sério deve jogar, então indicar para amigos e familiares até que eles também tenham essa experiência. Apenas pegue-o, você não irá se arrepender!


Meu veredicto: Um ótimo jogo no estilo Zelda, e uma prova de que o PS2 ainda pode surpreender na era do PS3 e X360. Altamente recomendado.




3 comentários:

  1. Muito interessante Esbeltovski, mas tenho algumas perguntas:

    1 - Os posts do Nostalgiando serão somente sobre videogames?

    2 - Me empresta o Okami? (hehe)

    e talvez, conselhos:

    O Sr. falou em Activision, logo lembrei de Tony Hawk's Pro Skater 2. Algumas imagens - e por que não, músicas (por sinal, quando ouvi os músicas de Okami, vi a obra de arte nele transposta) - realçariam o quadro Nostalgiando.

    Vale lembrar de games como Shadow of the Colossus, Crash Bandicoot, Medal of Honor, God of War, Tekken (gurizada na locadora). Bom, estes são alguns que eu joguei e valeu a pena. Mas vou terminar por aqui, senão a lista vai longe...

    Parabéns pelo Blog, tornando-se cada vez mais interativo e organizado.

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  2. Respondendo ao mano Awtixta:

    1- Sim, somente de jogos. Pretendo fazer colunas com outros assuntos, como review de filmes, por exemplo.

    2 - Empresto sim XD


    Sempre vou por screens e as melhores músicas, na minha opinião, do jogo em questão no post.

    Na verdade, eu pretendia começar com SOTC mas como eu to jogando Okami, de novo, eu fiz dele mesmo pra não acabar esquecendo de algum detalhe. Mas SOTC, God of War, Medal, Metal Gear, Megaman, Metroid e tantos outros jogos estão na minha lista.

    Valeu pelo elogio e 1,37 pro senhor xD
    Cya! õ/

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  3. realmente, jogo fortemente recomendado
    eu que nao sou de reparar nessas coisas parei e disse "mas que jogo belo" XD
    pena que ando meio sem tempo, mas ainda terminá-lo-ei

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