
Pois bem.
Em meados de minha época de vagabundo, quando terminei o colegial, voltei a trampar. Mas não era um trabalho qualquer como, por exemplo, escritório, borracharia, boneco de posto de gasolina ou boneco de crash test (aqueles bonecos que são usados pra avaliar o sistema de segurança no carro e o carro bate com tudo em uma parede), etc. Era auxiliar de caldeireiro. Convenhamos que não é um trabalho para os delicados. Requer muita stamina e strenght. Quem me conseguiu o trampo foi meu pai, pois não aguentava mais me ver sem fazer nada em casa.
Seu Carlos (nome ficticio) , que era meu futuro chefe e sócio de meu coroa, era um anão cabeludo, malmorado e mão de vaca pra caralho. Tinha bigode e cabelos grisalhos e vivia com um cigarro na boca. A minh primeira impressão era de que esse velho era um maconheiro traficante mexicano e que eu iria "em cana" por tráfico assim que policia crussasse com a gente. Ele disse que começariamos segunda-feira e que iriamos pr guaiba desmontar um reservatório de óleo.
Até ai tranquilo.
Chegou segunda e fomos. No caminho teria mais um bravo e experiente trabalhador, o Seu Antônio (nome ficticio). Velho casca grossa, banguela, sem três dedos e aeroporto de mosquito. Parecia um zumbi, pois tinha a boca torta e não conseguia fecha-la.
Chegando lá, noto que algo estava errado. Estava quente demais. Não era um calorzinho qualquer, parecia um forno de padaria. Tudo bem, o calor não vai me derrubar.
Trabalho vai trabalho vem, fatiamos o tanque ao meio. Não era tão alto, possuia apenas 6 metros de altura e de diâmetro, mas, a temperatura só aumentava. E terminou a primeira semana.
Na segunda semana, estava mais quente ainda. Começei a reparar nos detalhes ao redor de Seu Carlos. O véio emanava chamas. Parecia o demonio com aquela serra. Do nada o veio começou a pegar fogo. Fiquei abalado com oque eu vi, então gritei:
-Seu Carlos! SEU CARLOS !!!!!
O véio tava possuido com aquela serra, já tinha gasto toda a serra e não sei como continuava cortando. Ele serrava, fumava e dava gargalhadas. Tava nem ai pra mim.
Tomei uma medida drastica, desliguei a serra. O velho se acalmou mas, ainda estava em chamas. Gritei de nono:
-O SENHOR TA PEGANDO FOGO!!!!!
Ele olhou pra mim seriamente. Em quanto olhava, as chamas diminuão lentamente. Estima eu que, a temperatura na hora passava dos 60°C. Em quanto ele se acalmava, a temperatura baixava. Muito estranho. Só tinha um argumento, esse velho não é humano.
Já estava na metade da semana, e tinha ainda que estaquear os pedaços do tanque para que o guincho o ergueçe e ele não entortar. Então, o velho começou a soldar. Até aonde eu vi, ele usava a máquina de solda, mas, em um momento da tarde de quinta-feira, eu vejo o seguinte:

Me caiu os butiá do bolso. Minhas mãos gelaram, pois o sangue foi todo para as pernas e eu precisava correr dali o mais depressa possível. Aind bem que ele não me viu, senão teria me destruido. Cheguei em casa de noite e pesquisei no Google quem seria capaz de pegar fogo e usar raios como utensilio doméstico, achei somente um nome, era Hefesto. Deus do fogo e o forger de Zeus. Estava trabalhando para um deus.
Quando descobri sua verdadeira identidade, fui obrigado a pedir as contas, pois cedo ou tarde o velho ia fazer alguma atrocidade comigo assim como fez com Seu Antônio, que era seu zumbi. Então pedi as contas e resolvi procurar outro emprego. Não achei, então fui para a o Exército Brasileiro.