quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Filme da Disney? Pfff!



Quando se menciona Walt Disney, o que vêm a sua mente? Um rato falante? Um pato semi-nu? Ou um cachorro retardado?

O fato é que vemos a Disney como uma fábrica de desenhos animados, e somente desenhos animados. Conheço pessoas que se negavam a crêr que a série Pirates of the Caribbean fora produzida pela mesma até que eu enfiasse o box do DVD na cara delas e mostrasse o selo da WDP.

Porém, não estou aqui para falar da Disney, mas sim de uma das suas empreitadas mais imprudentes e que acabou se tornando um dos maiores clássicos já realizados pela empresa.





Em 1976, um grupo de rapazes que trabalhavam em alguma garagem obscura se cansou de ficar desenhando modelos para um tal rato-de-bermuda e decidiu mudar completamente a visão que as pessoas possuíam sobre realidade virtual. Assim, Steven Lisberger juntou seu pessoal de confiança e iniciava-se o Projeto Tron.

Porém, quase ninguém nas empresas os apoiava, pois esse esquema de realidade virtual era algo muito "fora da realidade", as idéias que os garotos possuíam, de um filme em que 95% de sua produção é feita por computadores, parecia totalmente impossível e os diretores e produtores preferiam continuar desenhando os modelos do pato semi-nu.

Entendam que a visão que as pessoas tinham dos computadores é a mesma que nós temos dos livros virtuais atualmente. Muitos condenam os E-books, pois destróem o propósito do livro, tiram o "calor" que ele emana, os sentimentos do autor e tudo o mais. Era a mesma coisa com os computadores na década de 70/80. As pessoas acreditavam que eles estavam fadados ao esquecimento, eram só uma moda passageira e o papel sempre seria melhor.


O mais interessante disso tudo é o fato de quem decidiu apoiar Lisberger não foram, como todos nós imaginávamos, os jovens, por terem uma mente aberta e coisa parecida, mas os velhos, os funcionários antigos da empresa, grandes diretores e gerentes. Quando questionados sobre a razão de apoiarem algo tão surreal, responderam que viram a imagem de Walt Disney naqueles garotos. Disney não gostava de ficar sempre no mesmo, ele queria mais, queria desafios, queria quebrar a barreira do impossível. E era exatamente aquilo que os garotos estavam tentando fazer. Os velhos os apoiaram pois eles lhes devolveram aquele sentimento de orgulho por trabalhar na empresa, o mesmo que deixaram de sentir quando Disney faleceu.




Então, após seis longos anos de trabalho ( Tron começou a ser produzido em 1976), e 12 milhões de dólares gastos em efeitos computadorizados, o longa foi lançado ao público.


O filme conta a história de Kevin Flynn, um grande programador e criador de softwares, que se tornou responsável por aumentar exponencialmente as vendas da Encom com a criação de vários jogos para arcade, porém teve suas criações roubadas por Ed Dillinger, que as utilizou para se tornar o presidente da empresa e demitiu Flynn.

Flynn tenta hackear o sistema utilizando um programa que ele mesmo criou ("o melhor", em suas próprias palavras) chamado CLU. Porém, CLU é capturado pelo MCP ( Master Control Program), um programa mestre que controla todo o sistema da empresa, e é corrompido pelo MCP.





Após uma série de acontecimentos, Flynn consegue ajuda de dois funcionários da Encom, e amigos, Alan Bradley e Lora Baines. Mas, ao tentar hackear o sistema utilizando o terminal de Lora, o MCP dispara um laser contra Kevin que o teleporta para dentro da Grade (The Grid), o mundo virtual controlado pelo programa mestre.

Lá, ele conhece Ram, um programa de advocacia, e Tron, um programa de segurança criado por Alan para destruir qualquer coisa fora do comum na Grade, incluindo o próprio MCP. Depois de alguns jogos de disco e uma corrida de motos que fazem curvas de 90 graus, o trio escapa da arena e parte em direção ao MCP, com o intuito de destruí-lo.

Mais a frente, todos descobrem que Flynn, na verdade, é um usuário. Pausa.

Esqueci de esclarecer uma coisa muito importante. Os humanos criam os programas dentro da Grade e os utilizam de maneira normal, pois não fazem idéia de que lá dentro há um mundo virtual onde seus programas vivem. Já os programas, vivem como nós e conhecem uma lenda chamada "usuário", que alguém os cria e os controla. Ou seja, os programas veem os humanos da mesma maneira com que vemos Deus. Os humanos são Deus para os programas. E aqueles que creem nos usuários, são corrompidos ou destruídos pelo MCP, pois ele se diz ser a única verdade e razão e blablabla dominarei este mundo.





No fim, Flynn destrói o MCP, que libera os arquivos que comprovam que foi ele quem criou os jogos e os manda para todas as pessoas da empresa, fazendo com que Dillinger seja demitido e Flynn se torne o novo presidente.


Além de unir um elenco excelente, Tron também é um ótimo filme graças a seus efeitos visuais.
OK, agora você vai correr pra baixar e vai vir me xingar porque é algo extremamente tosco. Mas, É UM FILME DE 1982 CARALHO!!

Tron foi um marco no cinema. Não apenas por utilizar as maiores e mais avançadas tecnologias gráficas da época, mas também pelos temas que seu enredo aborda, e que vieram a inspirar muita gente no futuro, como o longa Darkcity de 1998 e John Lasseter, diretor da Pixar e do grupo de animações da Disney, que afirmou que sem Tron, não haveria a grande obra da animação que foi Toy Story. Até mesmo o grupo Daft Punk se inspirou no filme para criar suas músicas e visual.


Enfim, muito tempo se passou. Pessoas cresceram, arcades estão quase extintos, as torres caíram, descobriram o Pré-sal e o Jack Rakan se tornou o cara mais forte do mundo. Até que em um pequeno boato surgiu nos confins da Internet: Tron ganharia uma sequência. E não era um sequência espiritual, mas sim uma continuação direta do primeiro filme. E em 17 de Dezembro de 2010, estreou nos cinemas do mundo inteiro: Tron: Legacy.





Em 1989, Kevin Flynn, atual presidente da Encom, desaparece. 20 anos depois, seu filho Sam, que é o legítimo herdeiro da empresa, não dá a mínima para ela. Até o dia em que Alan Bradley, velho amigo de Kevin e criador do programa Tron, diz que recebeu uma mensagem de pager de Kevin vinda diretamente da Grade.

Enquanto explorava a velha loja de arcades de seu pai, Sam encontra um escritório escondido e é teleportado para dentro do mundo virtual. Lá ele é atirado na arena e participa de batalhas de disco contra alguns oponentes até que enfrenta o campeão, Rinzler, que descobre que Sam é um usuário. Rinzler o leva à uma cópia idêntica de seu pai chamada CLU, um programa criado por Kevin que se corrompeu e traiu a seu Criador e à Tron e agora é o líder soberano da Grade.

Já revelei muito sobre o enredo. Assistam e descubram o resto, vale a pena.
Ah, uma coisa que pensava antes de assistir era que se eu não visse o primeiro, não entenderia o segundo, mas não é bem assim. Claro, assistir Tron e depois assistir Legacy é muito melhor do que somente assistir Legacy. Você pára pra analisar a maneira com que a Grade e os personagens se desenvolveram, a maneira como cada detalhe mudou. Por exemplo, a Grade original era um mundo computadorizado com muito neon. Já a Grade de Legacy se assemelha a uma grande metrópole, com mudanças climáticas e tudo o mais. Isso se deve, segundo os produtores, às várias viagens que Kevin realizou ao local, sempre o modificando e o aperfeiçoando para que se parecesse cada vez mais com o mundo real.





O filme se utiliza muito de CG's, não ao nível estupidamente extremo de Avatar, e boa parte é computadorizada, principalmente a Grade. Também há uma versão em 3D, para aqueles retardados que acham que isso é algo tão essencial que irá mudar totalmente o filme.

A música é composta quase que totalmente pelo duo Daft Punk. Os efeitos sonoros, como os passos e os berros da arena, foram gravados diretamente da San Diego Comic-Con, onde os organizadores pediam para as pessoas realizaram um determinado som e gravavam tudo para utilizar no filme.

Um jogo chamado Tron: Evolution foi lançado pouco antes do filme. Ele se encaixa entre o primeiro e o segundo longa. Se você está pensando em entender completamente a história, vai ter que encontar uma maneira de jogá-lo, pois ali estão muitas informações acerca de tudo o que ocorre entre 1982 e 2010.

Finalmente, Steven Lisberger confirmou que será produzida uma sequência para Tron. Há boatos de que "Tron 3" será a primeira parte de uma nova trilogia. Já em 2012 será lançada uma série animada spin-off chamada Tron: Uprising no canal Disney XD. Os roteiristas de Legacy dizem que a mini-série de 10 episódios irá contar o que aconteceu na Grade entre ambos os filmes.




Bem, é isso. Decidi fazer esse post por ver a enorme quantidade de pessoas comentando sobre o filme. Se você tiver a chance de assistir Tron, assista. É chato? Provavelmente. Você vai ficar de saco cheio? Com certeza. Eu também fiquei, admito. Mas, valeu muito a pena quando assisti ao Legacy. Sei lá, é uma coisa diferente quando você sabe sobre tudo o que os personagens estão falando...


Vou tentar fazer um review dos dois filmes, junto com uns outros sete que tenho guardados e mais os episódios de JLA que prometi a dezenove anos atrás... Preguiça...



From Russia With Love,
Mokozawa õ/

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