terça-feira, 26 de julho de 2011

Passeio na chuva




Ah, quanta falta sinto da minha Hammer... Passamos por bons momentos.... Subimos montanhas, atravessamos florestas, derrubamos portões e, em um fatídico dia, ela foi levada por Mr. Grimm para o Paraíso das Hammer's.

...

Anyway! A historinha que contarei para vocês hoje se passa em uma época muito antiga, muito antes de eu ficar acordado até as seis da manhã ouvindo La Bamba e tomando Toddy, muito antes da Ala Zanha existir, muito antes de eu ter +20 de bônus em persuasão e provavelmente muito antes da Pangéia se separar.

Nesta época, eu era uma criança ingênua e, como qualquer criança ingênua, ainda estava aprendendo a andar de bicicleta. Quem me ensinou tudo o que sei e que emprestou uma bicicleta por muitos anos foi meu antigo colega e ex-amigo (não sei se ele ainda vive D:), John Les Paul, ou JP.

Certo dia, resolvemos ir para a escola de bicicleta. Conforme a manhã foi passando, o céu foi ficando cada vez mais escuro e cheguei a pensar em chamar Will Smith pra dar uma checada no local.


Afinal de contas, ele já tem experiência com esse tipo de coisa, não?



Na saída da escola, a Mãe Natureza resolveu pregar uma peça em nós dois e invocou uma tempestade de proporções bíblicas, na tentativa de nos impedir de sair do local. Quando vi o dilúvio que ocorria na cidade, resolvi pegar o ônibus para voltar pra casa, porém John me alertou que havíamos ido de bicicleta, e como as duas bicicletas eram dele, eu teria que voltar junto.

OK, mesmo que você não seja um filho da puta descomunal, há sempre alguma coisa no seu inconsciente que nessas horas te diz: "vai dar merda".

MAS, HEY! Nós éramos crianças com espírito aventureiro e tínhamos Toddynho ao nosso lado, logo o "vai dar merda" se tornou um "por que não?"


Toddynho, meu companheiro de aventuras!



E assim partimos em direção a nossas moradias, sob forte chuva, com duas bicicletas antigas, na contra-mão e sem pneus para pista molhada.

Tudo correu bem por metade do caminho (tirando a raiva líquida dos Céus que era despejada sobre nós), mas, como eu já mencionei antes, nesta época eu não era um High Transcendental Aurorian Warlord abençoado por Toshiro e ainda não havia conquistado nenhum território à minha escolha ou eliminado as peças vermelhas. Por essas e muitas outras razões desconhecidas, a Mãe Natureza gostava de tirar sarro de mim e pôr obstáculos em meu caminho, e eu não estou contando aquela vez em que o pneu dianteiro da bicicleta travou em um buraco e eu voei de cabeça em um poste e acordei quinze minutos depois, em um táxi a caminho do hospital com minha mãe desesperada ao meu lado.

Enfim, para a maioria das pessoas, a Mãe Natureza se parece com isso:





Já no meu caso, ela tá mais pra um Ivan Drago que adorava me ferrar sempre que possível...



I MUST BREAK YOU!!!



E neste dia ela resolveu caprichar. Pedalávamos por uma ruazinha estreita, porém muito movimentada. John estava alguns metros à minha frente, quando, de repente, ele se vira pra trás e berra:

"OLHA..." (O que ele disse? Não escutei nada!)

"...O..." (Hein?!)

"...BURACO!" (Buraco? Que buraaaaaaaaaaa......)

Quando JP terminou a frase, eu já estava fazendo um faceplant no asfalto molhado.





Fiquei estatelado de boca no chão por alguns segundos, até que levantei a cabeça pra tentar entender o que havia acontecido. Eu, atirado no meio da rua, encharcado e todo dolorido, uma meia dúzia de transeuntes curiosos me olhando, a bicicleta caída ao meu lado, John rindo compulsivamente e uma Fiorino, uma maldita Fiorino branca vindo em minha direção. O motorista tentou frear, porém chovia demais e o carro não parava. Esse momento ficou marcado na minha memória porque o pára-choque do carro passou a centímetros do meu rosto e eu não consegui me mover, tamanho foi o desespero. Só lembro de ter sentido tanto medo quando chamei uma ex-colega de lésbica e fui perseguido por ela durante três semanas seguidas.

Finalmente, o carro parou e o motorista saiu. Certo, quando acontece alguma coisa desse porte e o motorista sai do carro, você pensa que ele saiu para ver o que aconteceu e se você, por misericórdia do Senhor, ainda está vivo e não vai causar problemas a ele. Quando você é uma criança e acontece algo desse porte e o motorista sai do carro, você pensa: "CARALHO! ELE SAIU! ELE SAIU! FUDEU! FUDEU! EU VO MORRE!!! CORRE! CORRE!"


Me levantei, juntei a bicicleta e saí correndo em disparada. E uma das dificuldades que eu tinha na época era subir na bicicleta em movimento, portanto eu saí correndo pela rua, carregando a bicicleta, enquanto John ia mais a frente e ria freneticamente.

No momento não senti nada, porém quando cheguei em casa que percebi que meu joelho estava praticamente dilacerado e minha perna toda suja de sangue. Logicamente, John riu ao ver esta cena, porque é isso que um amigo faz.

Ah, e na hora que eu fui descer da bicicleta pra entrar no prédio em que ele morava, tentei imitar algo que vi alguém fazer, que provavelmente era um profissional bem-treinado e que agia sob circunstâncias controladas, que era parar o pneu dianteiro da bicicleta colocando o pé nele, enquanto ainda sentado no banco. Bem, já dá pra imaginar que meu pé prendeu na roda e eu fiz um segundo faceplant consecutivo em menos de uma hora....



Concordo com você, Hot Rod. Crianças SÃO estúpidas...





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