terça-feira, 26 de julho de 2011

Off-road




Houve um tempo em que andar de bicicleta com os amigos era a coisa mais radical que eu podia fazer. Lembro muito bem da sensação que tive quando ganhei minha primeira bicicleta e também lembro da sensação ao cair dela no mesmo dia.


Há alguns anos atrás, eu morava em Laguna, SC. Um lugar horrível para se morrer, de fato, mas um ótimo lugar para fazer um off-road de bicicleta, descendo morros a mais de 140km/h desencandeando uma força de 1.21 Gigawatts que te faz viajar de volta para o futuro ou andando pelo "parquinho".

O "parquinho" era, como vocês que não possuem demência podem perceber, um parque. Havia nele tudo o que creio haver em um parque voltado para crianças: balanços, gangorras, ficava ao lado da Avenida Beira-Mar e ao redor dele havia uma pista de ciclismo cheia de buracos e areia e com uma curva meio inclinada.



Não era TÃO inclinada...



Decidi estrear a bicicleta, portanto fui ao encontro de meus amigos. Como de costume, encontrei-os na sacada de JP, usando um binóculo para olhar as mulheres que andavam de bikini pela praia.

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Que foi? Nessa época ninguém tinha PC, internet ou dez reais pra comprar uma playboy!


Enfim, convenci-os a descer, mesmo sem ter meu bônus de persuasão e carisma. Pegamos as bicicletas e ficamos andando pela cidade até que alguém deu a idéia de ir para o "parquinho". Tivemos sorte de chegar lá e estar vazio, exceto por algumas garotas sentadas em um banco e alguns jovens anciões jogando bocha.


O esporte dos campeões!



Ficamos pedalando vagarosamente, analisando o local e as periculosidades ali existentes.


Afinal, o perigo de um urso aparecer é iminente e constante.



Ficamos nesse rala-linguiça até que o instinto animal de alguém falou mais alto e decidimos ir mais rápido, pois queríamos impressionar as garotas ali presentes com nossas soberbas habilidades sobre duas rodas.

Estávamos em quatro pessoas e ficávamos andando em fila pelo circuito inteiro, indo cada vez mais rápido. Até que JP decidiu me ultrapassar e eu não gosto deste tipo de coisa. Quando percebi as intenções desonrosas dele, resolvi fechá-lo, porém, JP era um rapaz ágil e esguio, um hídribo entre lagarto e ninja.



Muito parecido com o Reptile.



O garoto facilmente desviou de minha investida e chutou a roda dianteira da bicicleta, fazendo com que eu perdesse o controle. Quando consegui retomar as rédeas de minha montaria, percebi que estava muito próximo à curva inclinada, e muito rápido para poder parar a tempo. A única solução que surgiu em minha cabeça foi uma manobra que requeria extrema habilidade e gingado: A Derrapada.

Vejam bem, na época que ganhei a bicicleta, eu já tinha concluído o módulo básico de aprendizado e também o que ensina a pedalar sem uma das mãos no guidon... Sim, porque meu senso de "vai dar merda" é mais forte do que minha vontade de ficar sem as duas mãos...

Enfim, eu estava recém aprendendo a derrapar e nunca haviam me dito que a necessidade de pôr um dos pés no chão era existente e nem que o excesso de areia poderia me prejudicar um pouco e como o "parquinho" era de frente pra praia, a pista inteira estava coberta por areia, especialmente esta curva.

MAS, como qualquer garotinho em fase de crescimento, minha intenção era impressionar as garotas com meu molejo e delicatessen (que palavra bonita... vou usá-la mais vezes!) e eu nem prestei atenção para as chances de morte iminente que a Mãe Natureza havia posto em meu caminho.



I cannot be defeated. I BEAT ALL MEN!!



Meti o dedo no freio, virei a bicicleta de lado, mas a grande quantidade de areia e a falta de um pé no chão fizeram com que eu perdesse totalmente o controle da situação. O pneu bateu na lateral da pista (que foi construída pra evitar que este tipo de coisa acontecesse), e eu saí voando de lado. Voei por cima da calçada, voei por cima do arbusto, voei por cima do cachorro e finalmente caí no meio da rua.





Levantei e vi que, além de meus maravilhosos amigos, as garotas também riam de minha decolagem não-premeditada. Tirei a areia da roupa, peguei a bicicleta e passei o dia inteiro sendo lembrado de como fico muito bonito em pleno voo.


E, bem, no fim das contas, acho que impressionei as garotas, não?





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